Ser mãe da minha mãe...

É nessa posição que me vejo, desde que minha mãe sofreu um AVC, em 2002.

Desde então, muitas coisas aconteceram, sua recuperação oscila o tempo todo. Dias de ânimo, dias de desânimo.

A minha querida D. Angela, sempre foi muito ativa, tinha sua vida, era uma mulher independente, tinha seu carrinho, trabalhava em nossa igreja e na época, com apenas 46 anos sofreu um AVC, o conhecido derrame cerebral. A vida pra todos nós mudou radicalmente, principalmente pra ela.

Minha obrigação, aos 13 anos de idade, era dar banho, levar ao banheiro, ajudar a se vestir, dar comida, virei a mãe da minha mãe.

Foram longos dias de tratamentos com fisioterapeutas, fonos, psicólogos, cardiologistas, neurologistas, mas a razão desse derrame até hoje não apareceu. Enfim, minhã mãe teve muitos avanços e durante um longo período todos nós acreditávamos em sua total recuperação.

Em 2005, meu irmão se casou e a situação aqui em casa começou a regredir. Minha mãe entrou em depressão e por esse motivo, o neurologista prescreveu um remédio tarja preta, chamado Frontal. Desde então, minha mãe só estava bem , quando estava a base do tal Frontal.

Resumindo a situação, desde 2005 minha mãe encontra-se dependente dessa droga, sente a necessidade de estar medicada ao ponto de mudar a sua fisionomia e ficar literalmente dopada.

Desse período pra cá, desistiu das terapias na fono e na fisio, e só a pouco mais de 6 meses voltou para o psicólogo.

Tiramos seus cartões do banco, talões de cheque, tudo que pudesse contribuir para que ela comprasse os remédios escondidos, toda vez que descobrimos que ela esta se dopando. Mas depois de alguns meses, ela se recuperava e nós devolvíamos tudo pra ela. Não demorava muito, pra ela voltar a comprar os remedios escondidos. Isso já acontece há 5 anos.

Essa semana, descobrimos mais uma vez, várias cartelas de Frontal escondidas no armário dela.

Já conversamos, já brigamos, já mostramos diversas saídas para essa situação. Porém, falta vontade nela para isso.

Agora, vocês podem imaginar como anda a minha cabeça. Vou me casar daqui 5 meses e como vou deixar a minha casa, a minha mãe e meu pai?

Peço a todas que orem pela minha mãe, pois essa semana tem sido muito dificil, devido a abstinência do remédio.