Belly Mapping |
Passaram 37, 38, 39, 40 Semanas…
A cada dia que se passava, a ansiedade aumentava.
Entre a família, os amigos e até nas redes sociais, as pessoas cobravam a chegada do nosso bebê e eu já estava ficando agoniada com a espera.
No dia 12/08, dois dias depois de ter feito minha despedida da barriga, com direito a massagens relaxantes, manobras para aliviar a tensão da lombar e uma linda Belly Mapping, percebi que estava perdendo aos poucos o tampão mucoso e esse foi o primeiro sinal que recebi de que estava chegando a hora.
Nesses dias de ansiedade cheguei a sonhar com o parto, troquei mil mensagens com minha doula, li relatos e artigos, vi videos e documentários cheios de informações importantes para garantir minha segurança e tranquilidade sobre todo processo do parto. Foi assim que passei os dias que antecederam o nascimento do Caio.
Fiz nossas malas, preparei uma playlist cheia de musicas que me conectavam a Deus, escrevi meu plano de parto e fui me preparando para o dia que Caio decidiria vir ao mundo.
Continuei fazendo meu pré-natal, preparei o cantinho do nosso bebê e aproveitei cada momento que tinha livre antes de sua chegada.
Chegamos nas 40 semanas e nada… Pelo protocolo do SUS, poderíamos esperar até que a gestação completasse 41 semanas e então o parto seria induzido.
Pedi a Deus e ao Caio que eles me ajudassem e que não fosse preciso induzir o parto. Então, naquela semana, mais do que em qualquer outra, eu resolvi dar uma ajuda pra fazer esse menino nascer!
De tudo que já havia lido, consegui colocar em prática algumas dicas para auxiliar no início do trabalho de parto. Tentei ficar mais ativa, andei mais, fiz caminhadas, subia e descia escadas, fazia agachamentos em casa, banhos quentes sempre que possível, namorei bastante… enfim, tudo o que estava ao meu alcance!
No final de semana que eu completaria 41 semanas, foquei ainda mais nessas ajudas.
Na sexta feira (23/08) fomos passear no shopping pra eu poder andar bastante. Aproveitamos pra curtir um passeio a dois! Jantamos no Outback e pedimos pratos bem picantes e sobremesas regadas a canela, também andamos muito pelo shopping. A noite, namoramos!
No sábado (24/08), acordei perdendo mais tampão mucoso. Fiz tudo o que precisava em casa, estava literalmente preparando o ninho… De tarde, por volta das 14h comecei a sentir cólicas fracas, porém diferente de qualquer cólica que eu ja tivesse sentido.
Tomei um banho quente demorado, me conectei comigo mesma, fiz minhas últimas fotos grávida e descansei. Tentei não focar muito naquelas cólicas e continuar a vida normal.
Contei pro David, deixei ele tranquilo, mas avisado de tudo que estava acontecendo.
A noite, fomos a uma festa que estava acontecendo na nossa igreja e as cólicas estavam cada vez mais fortes, talvez eu já pudesse chamá-las de contrações, pq ao mesmo tempo que a dor chegava, junto com ela minha barriga também endurecia.
Tentei curtir a festa, me desligar da dor e aproveitar minha filha. Por volta das 23h eu já a estava no meu limite, precisava ir pra casa ficar confortável e descansar. Sabia que alguma coisa diferente estava acontecendo e eu precisava estar preparada.
Liguei pra Angelica, minha doula, avisei sobre as contrações e tudo mais que precisava ser informado. Vibramos juntas!! Ela sabia o quanto eu queria entrar em trabalho de parto sem precisar de indução.
Em casa, por volta de meia-noite, coloquei Luiza pra dormir e fiquei assistindo TV ate 1h da manha, nesse horário as contrações estavam um pouco mais incômodas , mas ainda era suportável.
Contrações ainda em casa |
Deitei, mas não consegui dormir. As contrações foram ficando mais intensas e ficar deitada me deixava muito desconfortável. Me levantei e fui pra sala, o relógio marcava 3h da manha.
David ainda estava trabalhando e me fez companhia na sala enquanto as contrações iam e vinham, cada vez mais chatas. Tomei uma vitamina de morango e quando ja estava ficando sem posição no sofá, fui pro chuveiro.
O banho quente durou uns 30min e foi um alívio. Relaxei e durante as contrações, conseguia curtir um pouco tudo aquilo. É óbvio que depois do banho, as contrações ficaram mais intensas.
Ligamos para a Angelica as 5h da manha e ela ficou monitorando as contrações pelo WhatsApp, mas não demorou muito para que ela viesse ate minha casa, pois as contrações já estavam rolando de 5 em 5 minutos.
Enquanto a doula se deslocava aqui pra casa, meus sogros chegavam para buscar a Luiza.
Relaxada com a presença da doula |
Nesse ponto, próximo das 6h da manhã , eu já a estava sentindo contrações muito mais fortes e a posição mais confortável era aquela que a criança faz e a gente costuma dizer que tá chamando irmão, sabe? Bumbum pra cima!
Angélica chegou, conversamos, ela me fez massagens e me tranquilizou. Ainda ficamos em casa até e as 8h da manha, quando ela percebeu que já a estava em trabalho de parto ativo. O caminho de casa até a maternidade foi doloroso, mas graças a Deus, fizemos todo o trajeto muito rápido. Até isso Deus preparou. Não sei como seria se entrasse em trabalho de parto num dia de semana, já que a maternidade ficava no centro da cidade.
As 9h, chegamos na maternidade e entramos direto para o setor de triagem. As enfermeiras e médicas fizeram todos as checagens necessárias, realizaram o toque e constataram que eu estava com 6cm de dilatação. Fiz o cardiotoco e as 10h da manhã fui encaminhada a Sala de Parto.
Quando entrei naquela suíte, toda preparada para um parto humanizado com bola suíça, cadeiras, banquetas, ducha de água agua quente … Chorei!
Eu tinha superado o primeiro desafio. Consegui entrar na maternidade que eu desejava e estava em trabalho de parto ativo, ou seja, tudo o que eu tinha planejado, estava acontecendo!
Ficamos nós três dentro da suite, Angélica, David e eu. Desde o início as enfermeiras obstétricas da maternidade vinham de forma muito respeitosa, se apresentavam, perguntavam se estava tudo bem e se nós precisávamos de alguma coisa… Um atendimento que me cativou desde o início.
Assim que nos instalamos na suíte, eu fui direto pro chuveiro.
Aproveito para abrir um parêntese, em tudo o que vou contar aqui, inclua fortes contrações com frequência de 5 em 5 minutos, ok?
No chuveiro, as contrações se intensificaram ao mesmo tempo que se tornaram mais suportáveis. A água quente que caía na minha lombar dava uma sensação de conforto e isso foi ótimo para me relaxar.
Por volta de 12h, algumas enfermeiras vieram me examinar novamente e a dilatação não havia evoluído, porém o colo estava mais fino. Nessa hora bateu uma frustração por não ter dilatado nada, mas continuei sendo encorajada pela Angelica, pelo David e por todas as enfermeiras que estavam ali comigo.
As horas foram passando e eu já estava exausta. Não havia dormido o suficiente e apesar do hospital ter me oferecido café da manhã e almoço, eu simplesmente não conseguia comer.
O cansaço era tanto, que entre as contrações eu apagava de sono, um sono quase pesado e só despertava com a próxima contração. Meu corpo já estava fraco, meu psicológico e emocional em frangalhos, de verdade. Eu precisava de forças, mas não conseguia encontrá-la.
Entre massagens, óleos, músicas e terapias, eu tentava encontrar o ânimo necessário para seguir aquele trabalho de parto. Era difícil, as dores intensas e os curtos intervalos entre as contrações acabavam comigo e com a minha lucidez.
Eu vocalizava cada vez mais alto, estava fraca e pálida, precisava de força, estava perdendo o controle de mim.
A exaustão do trabalho de parto |
As 14h, as enfermeiras voltaram a realizar o toque, estava com 7cm de dilatação.
O desespero me tomou. Como assim? Só dilatei 1cm desde que cheguei ao hospital? Quanto tempo mais aquilo ia durar?
Chorei, pedi pra parar, pedi ajuda, pedi que me levassem pra cesárea.
“Eu tenho essa opção? Por favor, me levem, to sem força, to muito cansada, to fraca!” Eu repetia exaustivamente essas palavras!
As enfermeiras, minha doula e David tentavam me manter lúcida e consciente de tudo que estava acontecendo, apesar do meu desespero. Era muita dor, era um cansaço fora do normal. Era quase enlouquecedor.
Eles me encorajavam! Estava tudo bem, o trabalho de parto estava evoluindo como o esperado, Caio estava ótimo e eu também! Só precisava ter paciência e colaborar mais com o processo.
O cansaço extremo me mantinha muito passiva e isso não estava ajudando meu corpo a evoluir.
David foi minha força |
Quando as enfermeiras saíram e voltamos a ficar nos três na suíte, eu chorei!
E nessa hora, David se tornou uma raiz forte, que não me deixou quebrar. Ele foi a base, a força que eu precisava, ele foi o meu arrimo.
Suas palavras me fizeram voltar ao meu lugar de força. Me fez lembrar do meu sonho, do desejo que eu tinha e de como eu lutei para estar ali. Me lembrou de tudo o que passamos para chegar naquele lugar e do quanto eu desejava viver aquilo que estava vivendo.
Ele foi a minha força. Então combinamos que dali em diante, eu faria agachamento em todas as contrações, até não conseguir mais.
Enquanto David me segurava e me apoiava até o chão respirando junto comigo, Angelica ministrava massagens na minha lombar e quadris aliviando o máximo da dor insuportável que eu estava sentindo.
Ficamos neste processo por mais 2 horas, entre agachamentos e o uso da bola suíça.
As 16h, eu estava ainda mais exausta, mas agora havia força em mim.
Acho que eu tinha quase a aparência de um animal. Meu olhar, minha postura, minha respiração exalava força e eu estava confiante. Aquele dia não passaria sem que eu conhecesse o meu filho.
As enfermeiras voltaram e novamente checaram os sinais do Caio e também os meus sinais vitais e tudo estava ok, perfeito! Minha dilatação? O som mais incrível que já ouvi na vida: “Laiz, você esta com 9cm de dilação! Deu certo!! Parabéns!!”
Aquelas palavras foram a última gota de força que eu precisava. Me senti pronta.
A enfermeira rompeu a bolsa para que o processo fosse mais rápido, devido todo meu cansaço.
Fomos para o chuveiro, a água a quente batia na minha lombar e as contrações ficavam ainda mais intensas. Logo após ter entrado no chuveiro, sentada na banqueta, senti aquela vontade de fazer força. Algo incontrolável, um fenômeno do meu corpo, a força era feita sem que eu pudesse conter.
Nesse momento havia aproximadamente 5 ou 6 enfermeiros na suíte com a gente. Todos ali, assistindo ao parto, me encorajando e me deixando ser protagonista daquele momento.
Sentei na banqueta, tendo David como apoio e a equipe toda a minha frente, vibrando comigo a cada puxo, a cada contração e força que eu fazia.
Caio descia no seu tempo, a equipe me avisava: Ele esta vindo! Continue!
A cada contração, meu corpo pedia que eu fizesse força, não dava pra controlar. Depois de algumas forças, finalmente ele estava chegando, senti a ardência provocada pela saída da sua cabeça e fiquei ali, aguardando que me corpo fizesse a última força para tê-lo em meus braços.
Até que ele veio! Veio quente para o meu colo e meu aconchego.
Chorou segundos depois e ficamos ali, eu, Caio e David, que neste momento chorava aliviado, emocionado…
Nos tornamos um casal mais forte, mais conectados depois dessa experiência.
Depois de algum tempo Caio e eu fomos avaliados dentro do mesmo ambiente e ficamos juntos desde então.
Ele veio pro meu seio, mamou e nunca mais saiu dali.
Foi dilacerante, desafiador, intenso e mudou minha maneira de enxergar a mim mesma.
Eu precisava passar por isso, eu desejei tanto esse parto, sonhei com o momento de sentir meu filho nascer e de conseguir parir com a força e com a capacidade que Deus me deu quando me fez mulher.
Eu consegui! Fui capaz de vencer medos, preconceitos, ansiedades e exaustão. Estava ali, vitoriosa dentro do desafio que eu decidi encarar.
Que incrível foi aquele dia.
Informações:
Caio nasceu com 3.945kg e 50cm, do dia 25 de Agosto de 2019 as 16h52min, através de um VBAC* Humanizado no Hospital Maternidade Maria Amelia Buarque de Holanda.
Sem ocitocina, sem analgesia, sem episiotomia.
*VBAC - tradução: Parto Vaginal Apos Cesariana